O tráfego de comunicações electrónicas tem estado a aumentar em virtude da adopção de medidas de protecção de contágio de COVID-19, cerca de 47% no caso do tráfego de voz e 52% no caso dos dados. Além disso, de acordo com a informação disponibilizada pela ANACOM, registaram-se alterações significativas nos padrões de utilização dos serviços de comunicações electrónicas.
De facto, verifica-se um significativo crescimento do tráfego de voz fixa (+94%) que contrasta com a redução verificada em anos anteriores, como a diminuição de 15% registada em 2019. Acentuou-se igualmente o crescimento do tráfego de banda larga fixa (+53,7%), que estava em desaceleração (cresceu 29% em 2019). Estima-se assim que o tráfego médio por acesso fixo continue a aumentar (era de 131 GB/mês em 2019) e se afaste ainda mais do tráfego médio por acesso móvel (4 GB/mês em 2019), visto que o tráfego de dados móvel está a crescer a taxas inferiores ao tráfego fixo.
De registar o facto de esta evolução estar em consonância com as boas práticas que são recomendadas para prevenir congestionamentos das redes, nomeadamente “usar sempre que possível o telefone fixo em detrimento do móvel para fazer chamadas” e “sempre que possível usar a ligação wi-fi em detrimento da banda larga móvel”. A ANACOM disponibiliza no seu site Boas práticas para a utilização de redes e serviços de comunicações electrónicas outros exemplos de como os consumidores e utilizadores podem sobrecarregar menos as redes e contribuir para um melhor funcionamento das mesmas.
De acordo com a informação de alguns prestadores, o perfil de utilização ao longo do dia não se alterou de forma significativa, notando-se apenas uma maior redução do tráfego às horas das refeições e um aumento generalizado do tráfego no período 7H-23H, com um pico às 22H, não tendo sido reportados congestionamentos relevantes. Registe-se que os operadores já fizeram saber publicamente que têm vindo a reforçar a capacidade das suas redes para suportar os aumentos de tráfego, incluindo nas horas de pico, e que o objectivo é assegurar a integridade e a continuidade das redes e serviços.
Nesta fase, a ANACOM continuará a exercer activamente as suas competências, e monitorizará permanentemente a situação, averiguando regularmente junto dos operadores como é que o COVID-19 está a impactar nas suas actividades, como está a evoluir o tráfego, se existem situações de congestionamento das redes decorrentes de aumentos da procura ou constrangimentos ao nível dos fornecimentos.