Temple Run comemora 10 anos, um verdadeiro clássico dos smartphones que criou um género de sucesso

No mundo dos jogos, muitas das ideias mais originais surgem de programadores independentes. Muitas dessas ideias revolucionam o mercado e criam novas tendências. Foi exactamente isto que aconteceu há dez anos atrás quando uma pequena empresa de apenas três pessoas criou um jogo que gerou um novo género que se tornou massivo. Falamos de Temple Run.

Embora não tenha criado o género vulgarmente conhecido de corrida infinita, Temple Run foi, sem margem para dúvidas, o primeiro jogo do género de obter um grande sucesso, e, verdadeiramente, o percursor de um género que é actualmente populado por inúmeros jogos, alguns tão ou mais populares que Temple Run.

Criado pelo Imangi Studios, um pequeno estúdio da Carolina do Norte onde marido e esposa, com a ajuda de um artista contratado, experimentaram vários conceitos até chegarem a um protótipo que os deixou agradados.

O lançamento e o caminho para o sucesso

Temple Run chegou à App Store a 4 de Agosto de 2011. Custando €0,99 teve um sucesso moderado, atingindo o top em alguns países e obtendo boas críticas. Mas, como acontece com muitos jogos, com a mesma rapidez, as vendas começaram a descer. Para mudar o rumo das coisas, a equipa tomou uma decisão ousada e tornou o jogo gratuito para download, com a monetização a ser feita através de compras dentro do próprio jogo. E foi uma mudança para um sucesso estrondoso.

No final desse mesmo ano, Temple Run acumulou mais de 20 milhões de downloads e mais do que quadruplicou a sua receita mensal quando comparado com o período em que era um jogo pago. No ano seguinte, a Imangi celebrou uma parceria com a Disney para lançar uma versão de Temple Run promover o filme de animação Brave, com a empresa a aproveitar o embalo e a começar a trabalhar numa sequela. O intuito não era alterar muito a fórmula de sucesso, mas mas o motor interno no qual o primeiro jogo foi construído estava a mostrar a sua idade, sendo necessário criar algo que pudesse ser extensível e tivesse uma boa aparência em plataformas mais novas.

A sequela

E após algum tempo surge Temple Run 2, lançado com sucesso em Janeiro de 2013, obtendo 6 milhões de downloads no primeiro dia e 20 milhões em apenas quatro dias. Em 2014, os downloads combinados de Temple Run e Temple Run 2 ultrapassaram os mil milhões.

O sucesso era avassalador, Temple Run tornou-se um fenómeno cultural em grande escala. A Imangi licenciou o jogo para roupas, brinquedos, banda-desenhada e muito mais. Ela continuou a fazer parceria com a Disney para spin-offs, bem como a trabalhar com a Coastal Amusements para fazer uma versão enorme para arcades. No espaço de jogos para dispositivos móveis, um sucesso revolucionário é suficiente para montar um estúdio por muito, muito tempo, e a empresa gradualmente expandiu-se para uma equipa maior para oferecer suporte a Temple Run, converte-lo para novas plataformas e criar outros títulos.

O jogo inspirou muitos fãs, alguns bem conhecidos de todos como o velocista jamaicano Usain Bolt que jogava Temple Run para relaxar antes das corridas. Quando a equipa da Imangi descobriu isso, trataram de adiciona-lo ao jogo como uma personagem jogável.

O sucesso avassalador

Como dito antes, muitos outros aderiram à criação de jogos com a mesma jogabilidade. Provavelmente o mais bem-sucedido foi Subway Surfers da Kiloo, mas a App Store está repleta de jogos funcionalmente idênticos. Apesar disto, Temple Run ainda consegue captar novos jogadores. É raro que o primeiro jogo ou a sequela não estejam no Top 100 de jogos da semana, mesmo uma década após o seu lançamento. Poucos jogos conseguiram este tipo de longevidade.

Mas, qual foi a fórmula de sucesso de Temple Run? Primeiro foi o excelente uso dos controlos e funcionalidades específicas dos smartphones com ecrã táctil, algo que na época estava ainda algo cru. A combinação de deslizar os dedos no ecrã e o uso da inclinação do equipamento permite que os jogadores controlem o jogo com uma só mão. Era fácil de aprender, mas algo difícil de dominar, como em tantos jogos clássicos de arcade dos anos 80.

E o futuro?

Embora tenham surgido muito rumores sobre novos projectos, a Imangi tem estado relativamente quieta, até recentemente ter lançado Temple Run: Puzzle Adventure em exclusivo para o Apple Arcade. Nele, os jogadores têm que resolver e descobrir vários emocionantes quebra-cabeças e segredos do antigo reino do templo. A grande aventureira, arqueóloga e corredora, Scarlett Fox, precisa de ajuda para superar os misteriosos obstáculos que surgem no caminho. O jogo apresenta o clássico formato de combinar pelo menos três peças da mesma cor, num estilo Candy Crush, mas apesar disso mantém muito da essência de Temple Run, com mapas, templos, colecção de tesouros e mais.

No entanto, a empresa revelou que vai anunciar novos projectos este ano. Para já, apenas podemos dar os parabéns à equipa pela criação deste extremamente divertido e desafiante jogo que ficará registado na história dos jogos para sempre.

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por Paulo Miranda

Fundador do projecto Foneplay, desde muito cedo entusiasta pela tecnologia, tendo acompanhado toda a evolução da internet e telemóveis. Trabalha nesta área há muitos anos sendo fã de jogos e de todos os assuntos relacionados com as telecomunicações móveis. Facebook | LinkedIn

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