Os smartphones com ecrã dobrável são a grande tendência e aposta de um mercado já muito estagnado e que necessita de algo novo para voltar a crescer.
Segundo uma análise e estimativa da Gartner, as vendas mundiais de smartphones terão um declínio de 0,5% este ano em comparação com 2018. Isto deve-se, segundo Roberta Cozza, directora de pesquisas da Gartner, que “os utilizadores atingiram um limite para novas tecnologias e aplicações, o que significa que, a menos que os novos modelos forneçam novos serviços, eficiência ou experiências significativas, os utilizadores não querem ou precisam actualizar. Como resultado, esperamos que o mercado de smartphones de gama alta continue a mostrar um declínio nos mercados maduros em 2019.”
Embora a Gartner preveja que as vendas voltem a subir em 2020, estimando um aumento de 1,2% em relação a este ano, indica que é necessário que os fabricantes e fornecedores percebam que os consumidores estão aumentar a vida útil dos seus equipamentos, estimando-se que o tempo médio de vida dos telefones de gama alta aumente de 2,6 para 2,8 anos até 2023.
É por isto que os smartphones com ecrã dobrável são vistos como a grande novidade e algo que poderá inverter a tendência de queda do mercado. Diversos fabricantes revelaram recentemente os seus dispositivos deste género, com alguns a chegarem às lojas ainda durante este ano, como o Samsung Galaxy Fold que estará à venda a partir de Maio e o Huawei Mate X previsto estar à venda a partir de Junho. Muitos fabricantes se seguirão, alguns ainda durante este ano.
No entanto, é preciso resfriar o entusiasmo pois existem ainda muitos motivos que indicam que esta nova moda ainda irá demorar muitos anos até ter algum peso no mercado global. Embora os analistas da Gartner esperem que os dispositivos dobráveis voltem a injectar inovação no mercado de smartphones, eles são cautelosos em relação à sua aceitação no curto prazo, estimando que sejam responsáveis por 5% dos equipamentos topo de gama até 2023, totalizando 30 milhões de unidades vendidas.
“Esperamos que os utilizadores usem um smartphone dobrável como fazem actualmente com o seu smartphone comum, utilizando-o centenas de vezes por dia, dobrando-o esporadicamente e digitando no ecrã, que poderá ser arranhado rapidamente, dependendo da forma como ele se dobra”, disse Cozza. “Nos próximos cinco anos, esperamos que os smartphones dobráveis permaneçam como um produto de nicho devido a vários desafios de produção. Além da superfície do ecrã, o preço é uma barreira, apesar de esperarmos que diminua com o tempo. Actualmente com preços a rondar os €2000, os smartphones dobráveis apresentam muitos trade-offs, mesmo para muitos consumidores pioneiros na adopção de novas tecnologias.”
No curto prazo, os analistas da Gartner esperam que os fabricantes forneçam muitos tipos de diferentes experiências de smartphones com ecrãs dobráveis, com o objectivo de tentar perceber os padrões ideais de usabilidade e as preferências dos utilizadores, numa aposta clara para garantir que a experiência de utilização de um dispositivo deste género seja contínua e perfeita em todos os ecrãs dobráveis.
Esta é uma tendência que está ainda na sua fase muito inicial, onde nem o mercado e fabricantes sabem exactamente o que podem oferecer e o que os consumidores pretendem efectivamente. Mas é claro que esta é uma moda que irá revolucionar a forma como se utiliza os smartphones, que veio para ficar mas que irá demorar algum tempo até que se possa enraizar.