Consórcio da Universidade do Porto lança app para monitorizar transmissão da Covid-19

Chama-se “FollowMyHealth” faz parte dos 17 projectos da Universidade do Porto recentemente aprovados pela FCT no âmbito da linha de financiamento “Research4Covid19.

Melhorar o conhecimento sobre a transmissão ambiental do novo coronavírus e validar a utilidade de usar uma lista de locais de potencial contágio como indicador de auto-vigilância são os principais objectivos da app “FollowMyHealth”, desenvolvida por investigadores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) em parceria com o Instituto de Telecomunicações (IT), o Instituto de Saúde Pública da U.Porto (ISPUP) e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da U.Porto (FPCEUP).

Foi decidido canalizar o know-how da plataforma SenseMyCity e da equipa que esteve durante anos ligada a esse projecto para desenvolver uma app que conseguisse rastrear a transmissão ambiental da Covid-19. “Como trabalho com extracção de informação de dados GPS, achei que a nossa plataforma, pronta para ir para o terreno, e o nosso know-how em processamento de dados reais e extracção de informação seriam muito úteis”, explica a investigadora Ana Aguiar do Departamento de Engenharia Electrotécnica e Computadores da FEUP e Coordenadora do Instituto de Telecomunicações no Porto.

Mas o que distingue a “FollowMyHealth” das restantes aplicações já no mercado? “Esta aplicação tem como objectivo principal recolher informação espacial para possibilitar a análise espacial de que se fala no artigo da Science”, esclarece Ana Aguiar. Ou seja, não será uma app meramente para recolher informação sobre sintomas ou sobre contactos de proximidade com BLE (Bluetooth de baixo consumo).

Neste projecto pretendemos melhorar o conhecimento sobre a transmissão ambiental e conseguir parametrizar com mais granularidade os modelos de transmissão do vírus, fornecendo ao utilizador uma espécie de indicador de auto-vigilância, através da avaliação e análise detalhada das especificidades de cada local (tipo de actividade, a sua dimensão, o tempo que as pessoas estão nesses locais, etc) que depois vão permitir obter estatísticas agregadas sobre os comportamentos de risco”, explica Ana Aguiar.

Na prática, a aplicação permite avisar os utilizadores caso tenham estado ou se aproximem de locais de potencial contágio. Por outro lado, serve também para acompanhar pessoas suspeitas de infecção, confirmadas, e em isolamento profilático. No entanto, a “FollowMyHealth” pretende ir mais longe e perceber o estado emocional das pessoas em diferentes fases da pandemia, o que permitirá estudar diferentes tipos de mobilidade dentro do grupo de cidadãos que estiver a utilizar a aplicação. Para isso será necessário recolher dados sobre comportamentos de higiene e risco.

Por último, Ana Aguiar acredita que este projecto poderá assumir uma componente de responsabilidade social muito forte uma vez que fomenta a auto-vigilância e consciencializa para a adopção de medidas de distanciamento social, permitindo que as pessoas “usem os dados recolhidos para ajudar a relembrar de forma mais precisa a sua história recente, caso sejam testadas positivas”.

A aplicação deverá ficar disponível na Google Play Store muito em breve, mas, entretanto, já é possível experimentar uma versão “beta”, disponível aqui.

Partilhe este artigo:

por Paulo Miranda

Fundador do projecto Foneplay, desde muito cedo entusiasta pela tecnologia, tendo acompanhado toda a evolução da internet e telemóveis. Trabalha nesta área há muitos anos sendo fã de jogos e de todos os assuntos relacionados com as telecomunicações móveis. Facebook | LinkedIn

Ver todos os posts de Paulo Miranda →