Lemmings é uma das franquias de jogos mais populares, e também uma das propostas mais diferentes e viciantes. O jogo foi lançado há 30 anos e, para comemorar, será lançado um documentário que fará as delícias de todos os fãs. Mas, conheces a história destes tresloucados personagens?
A origem dos Lemmings
No final dos anos 1980, DMA Design era um estúdio de desenvolvimento sólido, fundado pelos colegas de escola David Jones, Mike Dailly, Russel Kay e Steve Hammond, que já tinham alcançado grande sucesso com o jogo de tiro Menace y Menace através da associação de publicação com a Psygnosis. Mas eles iriam dar um grande salto de qualidade, subindo de nível de uma forma que não estariam à espera e que viria das ideias mais improváveis.
Como em diversos outros casos, as ideias mais originais aparecem nas situações mais banais, tendo como exemplo mais conhecido o caso de Pac-Man e do seu criador Toru Iwatani. Bem, os Lemmings surgiram de uma maneira algo semelhante, em 1989, foi quando foi criada a primeira animação, uma situação que surgiu de uma forma curiosa. Mike Dailly estava nos escritórios da DMA Design com o resto dos seus colegas na época. Um deles, Scott Johnson, um artista autónomo, estava a desenhar homenzinhos que seriam usados num outro jogo.
O trabalho de Johnson resultou numa figura renderizada de 16×16 pixels. Foi neste ponto que Mike Dailly disse essas figuras poderiam ser feitas ainda mais pequenas, em apenas 8×8 pixels, algo vantajoso porque naquela época os recursos eram mais limitados do que hoje. Então, Dailly começou a trabalhar e cerca de uma hora depois tinha o primeiro homenzinho pronto. De seguida ele tratou de os animar e colocou-os num ecrã ao lado de um peso que os esmagava. Resultado? Uma reacção hilária e inesperada dos seus companheiros de equipa.
Ver aqueles pequenos personagens sendo esmagados parecia muito engraçado e eles começaram a adicionar outros elementos mortais. O resto da equipa começou a adicionar outros elementos como uma boca que os devorava, uma espécie de hélice giratória que os lançava a toda velocidade, etc. No final, todos viram que o que havia surgido inesperadamente poderia ter um futuro como uma ideia independente de um jogo. Todos divertiram-se muito com esta experiência e Russell Kay disse que estavam diante de material para um jogo, tendo usado logo ali termo Lemmings.
O lançamento inicial
A primeira versão demo foi mostrada à Psygnosis em Setembro de 1989, e a editora gostou imenso do que viu, tendo decido comercializar o jogo. Os Lemmings chegaram, assim, ao mercado e explodiram com enorme sucesso. A mistura de fofura, design superfino, caracterização cativante, desafio equilibrado e a infâmia das maiores dificuldades acertou em cheio, seguindo o clássico existente daqueles anos, entre conversões em todos os sistemas possíveis e imagináveis, inclusive os mais implausíveis. Depois vieram as expansões, sequelas, conversões, até ao progressivo “fecho” da franquia no final do milénio e as inevitáveis tentativas de ressurgimento.
Como é jogar Lemmings
Lemmings começa com uma ideia simples, explorando errada crença de que os Lemmings são criaturas dedicadas ao suicídio em massa. Em cada nível, as pequenas criaturas caminham pacificamente, inconscientes, cercados por armadilhas e perigos mortais, que vão aumentando conforme o jogo avança. O jogador tem a missão de conduzi-los suavemente até a saída, com um sistema de controlo que está entre os precursores do género RTS, assim como o número de criaturas para salvar, atribuindo-lhes acções dos mais variados tipos. Eles podem escalar, saltar de pára-quedas, cavar em várias direcções, bloquear o caminho de outros.
É ainda possível fazê-los explodir, com uma acção cruelmente engraçada mas que é também um elemento importante de interacção, pois permite criar alguns buracos e desbloquear algumas situações mais complicadas. E como é maravilhoso o “Uh-oh!” que eles fazem isso quando estão prestes a explodir numa infinidade de pixels! A genialidade do sistema de jogo, porém, reside no facto de que a dificuldade não é balanceada apenas pela construção de obstáculos e armadilhas, mas também pela manipulação do número de acções disponíveis para o jogador, bem como do número de Lemmings a serem salvos, como uma percentagem do total, criando assim uma mistura extremamente versátil e adaptável.
E hoje? Lemmings nos smartphones
E tudo ainda funciona bem hoje. Claro, como em qualquer título clássico, é preciso ter em conta as actualizações necessárias tendo em conta a evolução da indústria. De todas as plataformas nas quais podemos desfrutar de Lemmings, é lógico que fazer isso em dispositivos móveis é a opção preferida para muitos. Pelas razões habituais, é o aparelho que sempre carregamos no bolso e poder jogar um jogo onde quer que estejamos não parece uma má ideia se ficarmos entediados.
O último jogo publicado chama-se “Lemmings – Aventura e Puzzles” e, embora seja gratuito, existem compras integradas, oferecidas como em muitos outros jogos para smartphones. A mecânica do original está lá, tendo o jogador que escolher quem salvar e como. O jogo utiliza um mapas com quadrículas, algo criado para facilitar a atribuição das tarefas aos lemmings que se deslocarem até elas. Como seria de esperar, o jogo inclui traiçoeiros quebra-cabeças integrados no meio, que geralmente têm mais do que uma solução e nunca são demasiado complicados.
Se se conseguir salvar todos os lemmings de cada nível, teremos a oportunidade de girar a roda da fortuna que permite desbloquear várias funcionalidades, incluindo desactivar armadilhas ou duplicar o número de lemmings salvos. O resultado de tudo isto é uma versão renovada e muito bem-vinda de um clássico que faz com que os Lemmings entrem com o pé direito (e, por vezes, tropecem e caiam) no século XXI. Adicionalmente, e como comemoração do trigésimo aniversário, o jogo conta com novos níveis especialmente criados para o efeito.
Um grande sucesso ao longo de 30 anos
A primeira edição do Lemmings foi publicada a 14 de Fevereiro de 1991, tendo conseguido vender mais de 55.000 exemplares no primeiro dia para o Commodore Amiga. No final do mesmo ano, contabilizavam-se cerca de 15 milhões de exemplares entre todos os formatos disponíveis. Dados que ainda impressionavam na época.
Com o passar dos anos o título foi ganhando importância, até se tornar um dos melhores da história e actualmente um dos mais reconhecidos por qualquer fã de jogos. Por isso, despertam sempre um certo interesse, ainda mais agora que comemoram 30 anos e sabe-se que terão um novo documentário que irá aprofundar a sua origem e outros dados que certamente terão muito curiosos havidos por conhecer.